A Paz em Meio ao Caos

O dia começou como qualquer outro para Gabriel. O trânsito estava caótico, e ele mal conseguia avançar alguns metros sem ouvir buzinas irritadas e ver gestos impacientes. Um motorista cortou sua frente de forma brusca, provocando um engarrafamento ainda maior. No carro ao lado, duas pessoas discutiam ferozmente com as janelas abertas, trocando insultos. Gabriel sentiu o coração acelerar. Era como se o mundo ao seu redor estivesse colapsando.

Mais tarde, já na cidade, ele parou em uma cafeteria para tentar tomar um café e acalmar os nervos. Ao fazer seu pedido, foi recebido por um atendente apático e rude, que jogou a xícara sobre o balcão sem nem ao menos olhar para ele. A cada esquina que passava, a mesma cena se repetia: pressa, desrespeito e indiferença. Gabriel respirou fundo, tentando não se contaminar com aquela atmosfera de agressividade, mas era difícil. Como alguém poderia manter a calma diante de tanto estresse, injustiça e falta de empatia?

Enquanto caminhava de volta para casa, cansado e desanimado, Gabriel sentiu-se perdido. Parecia que não havia mais espaço para bondade e respeito no mundo. Ele então parou em uma praça silenciosa e, sentado em um banco de madeira, colocou as mãos no rosto. “Senhor, como posso ter paz em um mundo assim? Como posso viver em meio a tanto caos?”

Nesse momento, as palavras de Jesus vieram à sua mente, como um sussurro suave no meio da tempestade: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27, ARC).

Gabriel sorriu levemente ao se lembrar daquela promessa. Ele percebeu que a paz que Jesus oferece não é a ausência de problemas ou de conflitos, mas uma paz que habita no coração, mesmo quando tudo ao redor parece desmoronar. É uma paz que não depende das circunstâncias, porque não é dada pelo mundo, mas pelo próprio Cristo.

Respirando profundamente, Gabriel orou: “Senhor, dá-me essa paz que o Senhor já me deixou. Que eu possa ser luz e sal mesmo neste mundo quebrado. Que minha esperança em Ti não se abale.”

Renovado por essa oração, Gabriel decidiu que não deixaria o caos ao seu redor roubar a paz que Deus havia plantado em seu coração. Ele percebeu que poderia escolher ser um pacificador em um mundo turbulento. Em vez de responder com irritação no trânsito, daria passagem. Em vez de se aborrecer com o atendente mal-humorado, responderia com gentileza. Em vez de se calar diante da injustiça, escolheria agir com amor.

No dia seguinte, ao sair para a mesma rotina, algo havia mudado – não no mundo, mas nele. Gabriel encontrou o mesmo trânsito, o mesmo caos, e até alguns rostos irritados. Mas agora ele carregava uma paz inabalável. O motorista que o cortou recebeu um aceno amigável. O atendente mal-humorado foi surpreendido por um sincero “Bom dia” e um sorriso. Cada pequena atitude de Gabriel parecia abrir uma fresta de luz no meio da escuridão.

A promessa de Cristo se cumpria em sua vida. O mundo ainda estava em colapso, mas o coração de Gabriel não mais. Ele havia descoberto que a paz verdadeira é um presente de Deus, uma força silenciosa que transforma não só quem a recebe, mas também quem está ao redor. Como um rio que corre mansamente entre pedras, a paz de Cristo fluía através dele, tocando vidas de maneira sutil, mas profunda.

E assim, dia após dia, Gabriel decidiu confiar na promessa de Jesus e viver em paz. Não porque o mundo tivesse mudado, mas porque ele havia sido transformado por dentro. E, naquele coração tranquilo, a voz de Cristo continuava ecoando: “Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.”